quarta-feira, 10 de junho de 2009

A um coração magoado




Eu pensei que amar fosse tecer um ninho,
E forrá-lo de paina, em macios enleios;
E junto da mulher, como de um passarinho,
Sentir no coração deliciosos gorjeios...

Eu pensava que o amor fosse por um caminho,
Em que num sonho azul, voassem devaneios,
De prazer em prazer, de carinho em carinho,
Levando um riso à boca e uma aurora nos seios...

Eu pensei que o amor fosse a eterna criança,
Que, mostrando no olhar uma chama impoluta,
Perseguisse debalde uma eterna esperança...

Mas, hoje sei que o amor, escravo do desejo,
Nasce e vive na dor, na incerteza e na luta,
Desde o primeiro olhar ao derradeiro beijo...

Adoniran Cruz

2 comentários:

Unknown disse...

Esse poema é perfeito!!!

O amor é assim mesmo...mesmo quando feliz, ainda assim dói!

Bjs querido...parabéns pelo seu belíssimo blog...

Estarei sempre por aqui!

Sirlene

Anônimo disse...

Bonito soneto do poeta paulista Batista Cepelos, publicado originariamente na imprensa, em outubro de 1914.