quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Esquecendo o Mundo


Quando nossos beijos,
Repetidos, longos,
São como um licor
De um infernal enleio,
Quando recostado
Nas almofadas quentes
Que se acham
Nas conchas do teu seio,
Palavra, minha bela,
Tudo mais esqueço,
Eu que te amo
E a quem tanto adoras,
Nada mais vejo,
Não percebo nada,
Nem mesmo o lento
Decorrer das horas!

Adoniran Cruz

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Sim, é você...




Manhã que nasce sorrindo,
É o girassol da alvorada,
Que desabrocha, luzindo,
Em cornucópias de fada.
E o céu bandeira infinita,
“Num riso de luz de aurora”,
Apaga estrelas, em fita
De restos brancos, agora.
O dia avança e, saindo,
Vem chegando a Ave-Maria
“É tarde, a morrer sentido”...
Chega à noite, vai-se o dia!
A esse tom derradeiro,
Que é do presente e de outrora
- Diz o meu sofrido coração –
Saudades que a gente chora.

Adoniran Cruz

sexta-feira, 16 de abril de 2010


Duradouro

Eu tenho um amor,
uma história, uma forma de vida.
Sua energia constante e insaciável
apenas me faz lembrar do passado,
como o momento se evapora como o orvalho da manhã,
empurrando-me para a luz do sol implacável.
Meu coração tem o controle, eu não;
Não posso fingir e fingir,
mas esta charada pomposa,
é destruída pela visão da minha alma
que me oprime com culpa
e um lamento para o imarcescível inalterável.
Uma fuga é absolutamente impossível,
pelo menos enquanto meu coração ainda bate,
espelhando a mão padronizados,
com que o meu amor reina.
Mas isso também passará,
porque eu, ao contrário do meu coração, não vou durar para sempre.

Adoniran Cruz