quinta-feira, 25 de junho de 2009

Volúpia


Já do teu seio,
Em límpidas redomas,
Gratos aromas
Inundar-me vem.
É a ressonância,
A cor da tua história,
Missal de gloria
Em meu destino além
E eu me deixo envolver
Na onda ardente,
Doce, envolvente
Como um canto-chão,
Como a criança
Que dorme rindo,
Assim ouvindo
Uma floral canção!

Adoniran Cruz

quarta-feira, 10 de junho de 2009

A um coração magoado




Eu pensei que amar fosse tecer um ninho,
E forrá-lo de paina, em macios enleios;
E junto da mulher, como de um passarinho,
Sentir no coração deliciosos gorjeios...

Eu pensava que o amor fosse por um caminho,
Em que num sonho azul, voassem devaneios,
De prazer em prazer, de carinho em carinho,
Levando um riso à boca e uma aurora nos seios...

Eu pensei que o amor fosse a eterna criança,
Que, mostrando no olhar uma chama impoluta,
Perseguisse debalde uma eterna esperança...

Mas, hoje sei que o amor, escravo do desejo,
Nasce e vive na dor, na incerteza e na luta,
Desde o primeiro olhar ao derradeiro beijo...

Adoniran Cruz

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Noite de Núpcias


Noite de Núpcias


Do santuário da lei unidos docemente
Voltam, e a porta azul de um templo abandonado
Entram pedindo ao céu o amor santificado
E saíram do altar ao pôr-do-sol dolente.

Hei-os juntos a casa, o ponto desejado...
Entram, despedem-se! A luz palpita! O noivo sente
De alegrias sem fim, o coração ardente
E cai no leito azul e fecha o cortinado!

Silencio e paz. Mais tarde ouve-se um não e fala
É de quem tem pudor e sente-se prisioneira.
Depois um sim. Meu deus! Um beijo estala...

Há um trecho desse amor que o verso não revela,
Sim, foi o colar de pranto, o derradeiro
Que rolou virginal dos divinos olhos dela.

Adoniran Cruz

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Para alguém em especial... Vc!




Amo-te no silêncio, incontestável,
Temendo a incontinência dos meus olhos,
Pobre amor que se perde, inevitável,
Consumido de apelos e renúncias,
Assim como frio em agasalhos.

Sei que és meu dia, no límpido céu,
Claridade que apenas prenuncia,
Mulher de-vez que a luz vai madurando
Entre brisas e pássaros na altura.

Observo-te, e me castigo a imaginar
O gesto de obter, que não encontro
Para tanta beleza, - e desesperança

E oculto os olhos para não te ver,
E tento em vão ofuscar o pensamento
Se és, a um só tempo, luz que cega e atrai
Na diária, em cada simples momento...

Adoniran Cruz